Os mercados são cercados por mitos e desafios que, à primeira vista, podem afastar os investidores. O setor de sorvetes e picolés, por exemplo, sempre se viu às voltas com a máxima de que inverno não combina com sobremesa gelada. Mas de acordo com a diretora da consultoria de gestão de negócios Vecchi Ancona, Ana Vecchi, basta ser criativo, ousado e saber formar parcerias para prosperar no setor, que registrou consumo de 1,2 bilhão de litros ao longo da última década, de acordo com a Associação Brasileira das Indústrias e do Setor de Sorvetes (ABIS). Uma alta de mais de 80%.
Ana Vecchi afirma que apesar do crescimento expressivo ainda é possível que as empresas do setor cresçam. São várias as oportunidades de negócios em um país tropical que conta com altas temperaturas o ano todo. Uma pesquisa feita pela Euromonitor confirma essa expectativa: no ano passado o consumo de sorvetes chegou a quase três quilos por pessoa.
A especialista em gestão acredita que no caso dos picolés, inclusive das paletas mexicanas – o grande atrativo e sucesso dos últimos meses - é importante formar um canal de vendas e distribuição fortes. Nos estados do Centro-Oeste, Norte e Nordeste quase não há sazonalidade, pois o calor acontece durante praticamente o ano todo. Vale, por exemplo, estabelecer parcerias entre a sorveteria e um restaurante da praça de alimentação com promoções.
No caso do Sudeste, segundo ela, vale criar sobremesas agregando o sorvete a outros itens que vendem bem no inverno, como o petit gateau, caldas quentes, crepe com sorvete ou mesmo a tapioca. “A ideia é variar o mix no inverno e não precisa ser nada absurdo. Além de criar a sobremesa que leve sorvete, porque não ter uma linha de bebidas com o produto, sejam elas a base de leite, café ou até mesmo alcoólicos? Outro ponto importante é criar um ambiente no PDV que remeta ao calor e ao verão. Isso vai estimular as pessoas a quererem o sorvete. Pequenas mudanças na iluminação, das toalhas de mesa, quadros e jogo americano devem resolver isso”, orienta.
“Também há diversas empresas querendo desenvolver produtos com marca própria, o que é bacana para a indústria de sorvetes. O espaço para crescer é, ao meu ver, ilimitado. Sabendo trabalhar é um mercado sem limites!”, completa Ana Vecchi.