Hoje é o dia internacional do leite, mas a notícia não é exatamente boa. Afinal, leite, carne bovina e produtos in natura protagonizaram a alta dos preços no último mês.
O Índice de Preços dos Supermercados (IPS), calculado pela APAS/FIPE apresentou em maio levação de 1,08%. Em 12 meses a alta nos supermercados atingiu 6,63% e no acumulado de janeiro a maio o aumento foi de 4,22%. De modo geral, a inflação em maio ainda reflete a pressão sobre os custos de produção, como a elevação da energia elétrica, por exemplo, que pressiona os custos, principalmente, dos produtos industrializados. A estiagem em algumas regiões do país também gera uma menor disponibilidade interna de alguns produtos, diante da redução de oferta.
A título de comparação, a inflação em 12 meses (maio de 2014) foi de 6,18%, do mesmo modo, a variação mensal, em maio de 2014, foi de 0,80%, o que nos leva a observar que a inflação se manteve elevada e persistente ao longo de 2014 e manteve o mesmo comportamento no início de 2015. Vale salientar que a inflação mesmo se mantendo em patamar elevado, aponta relativa desaceleração ao longo de 2015, já que em janeiro o resultado em 12 meses foi de 7,80% e, neste mês, 6,63%.
De acordo com o economista Rodrigo Mariano, as maiores pressões em maio estão atreladas aos seguintes itens: carnes bovinas (4,22%), leite (3,30%), legumes (6,15%) e tubérculos (11,99%).
Produtos In Natura - com alta de 2,67%, com maior expressividade em legumes e tubérculos, os itens que tiveram mais aumento ente os produtos in natura foram cebola (46,08%), quiabo (29,08%) e a cenoura (24%). Em todos os casos, o clima desfavorável reduziu a produtividade com impacto direto na disponibilidade do produto. No acumulado de janeiro a maio o aumento foi de 12,88%.
Semielaborados - Carnes, leite e cereais tiveram alta de 1,68% em maio impactados, principalmente, pela alta nos preços da carne bovina (4,22%) e do leite (3,30%).
No caso da carne bovina a cotação do boi que subiu em abril, ainda reflete no preço ao consumidor final. Aliado a isto, a abertura do mercado externo, diminui a disponibilidade interna de produto, impactando diretamente nos preços no mercado interno. No acumulado do ano a alta foi de 3,58% e em 12 meses de 12,06%.
Em relação ao leite o aumento nos preços está atrelado à entressafra. As temperaturas mais baixas afetam a produção do leite, principalmente, na região Sul do país. No acumulado do ano há alta de 2,95%, mas em 12 meses houve queda de -2,46%.
Industrializados – Estes apresentaram alta de 0,54%. A variação esteve relacionada à elevação nos preços de derivados do leite (1,37%), panificados (0,42%) e óleos (1,16%). Em relação aos derivados do leite, a alta reflete a tendência de crescimento já verificada diante do período de entressafra.
Os panificados foram impactados pela a alta do custo da energia elétrica, que por sua vez impacta no custo de produção, pressionando os preços. Aliado a isso está a alta do dólar, que impacta a cotação do trigo.
O óleo teve alta, principalmente, devido à elevação no preço do óleo de soja, o que reflete uma valorização no preço da soja, diante da menor área de plantio do grão nos EUA, que tende a reduzir a oferta do produto ao longo de 2015, mantendo os preços elevados. Em 12 meses o aumento dos preços dos produtos industrializados foi de 4,67%, sendo a categoria com maior estabilidade ao longo dos últimos meses, registrando, inclusive, variação abaixo da média do IPS (6,63%).
Bebidasalcoólicas apresentaram ligeira alta em maio, com variação de (0,03%), reflexo da elevação do preço do vinho (0,45%). Em 12 meses a subida nos preços foi de 11,04%, e no acumulado de janeiro a maio de 1,58%.
Bebidas não alcoólicas registram elevação de 0,65%, diante da elevação, principalmente, nos preços de refrigerante (0,63%). Em 12 meses a alta nos preços foi de 8,61%, e no acumulado de janeiro a maio 3,73%.
Produtos de limpeza tiveram alta 1,40%, diante da elevação nos preços do sabão em pó (1,97%) e do sabão em barra (1,62%). Em 12 meses, o crescimento foi de 5,98%. E no acumulado de janeiro a maio 3,27%.
Higiene e beleza apontaram alta de 0,70% impactados pela elevação nos preços do creme dental (0,32%), escova dental (1,07%) e desodorante (2%). Em 12 meses a alta foi de 6,69% e no acumulado de janeiro a maio 3,44%.
Em maio, as variações negativas estiveram presentes em cerca de 32,73% dos itens, de acordo com o índice de difusão (proporção das variações de preços negativas), ficando abaixo da média que é de 42,74%.
Na avaliação desde a criação do Plano Real, em 1994, o IPS/APAS apresenta variação acumulada de 178,07%, o IPCA/IBGE (São Paulo) - Alimentos e Bebidas apresenta alta de, aproximadamente 368,85%, já o IPCA/IBGE (Brasil) - Alimentos e Bebidas tem alta de 386,14%, o IPC-FIPE tem aumento de 298,34% e o IPA/FGV tem variação de 539,29%. A diferença é superior a 200 pontos percentuais, entre o IPS e o IPCA (São Paulo) de alimentos e bebidas, indicando a diferença a menor do IPS frente aos outros índices.
Assim a evolução dos preços ao longo dos anos aponta uma elevação mais moderada no setor supermercadista, diante de sua característica de concorrência, onde os ganhos de eficiência e produtividade aliados as constantes negociações junto à indústria, possibilitam preços mais competitivos para serem ofertas aos consumidores.