Um labirinto que captura atuns

Um labirinto que captura atuns

Maio em Cádiz é sinônimo de atum vermelho selvagem de almadraba. Durante umas poucas semanas grandes bancos de este exuberante peixe viajam do Atlântico até o Mediterrâneo em busca de águas mais mornas onde depositar seus ovos. Um trajeto importante para a prolongação da espécie, ainda que não isento de dificuldades como as de dar de cara com seus dois grandes predadores: as orcas e o homem. 


Das primeiras conseguem escapar quando ficam perto da costa, mas é ali onde, sem se dar conta, inocentes, entram na boca humana do lobo, que nestas águas tem forma de um circuito de redes. Uma estrutura com paredes de malha que, mar adentro, pode se extender por quilômetros. 

Os atuns entram pela 'boca' e avançam pela 'câmara', para acabar no 'copo' de onde já não há saída possível. Antes, existem outros locais encarregados de reconduzir o atum ao seu destino final, se este ousa se desviar. 

No 'copo' permanecem até que, se o mar e os ventos o permitem, chegam os barcos para 'levantar' a pesca. Como seu nome indica, se trata do momento exato em que ocorre a captura. Aqui as embarcações se alinham circularmente, sendo 'a retirada' da armadura flutuante de onde o capitão dirige a operação e onde regressa a terra carregada com o apreciado lucro. Nas costas estão os barcos que contribuem para perfilar o espaço de captura e 'a testa', que o fecha. 

O círculo vai se estreitando até que a água, como em uma panela, ferva devido à atividade frenética dos atuns cheirando seus últimos minutos de vida.

É então quando ao grito de ' rede fora', 'seca, seca', os marinheiros levantam as redes enquanto os mergulhadores começam a capturar os peixes com ganchos oferecendo uma cena sangrenta que é certamente surpreendente, seletiva e única no mundo. Também é uma prática de interesse cultural que é aceita pelos grupos ecologistas.

Foto: Alba García Cañadas

Também se pode dizer que no início do século XX existiam 276 construções deste tipo entre Gibraltar e Istambul. Atualmente só restam 4 ativas: Barbate, Conil, Zahara dos Atuns e Tarifa, sendo as 3 últimas propiedade da família Crespo, do grupo Produtos de Almadraba; e a de Barbate, de Petaca Chico.

Independente do significado da palavra árabe almadraba, que é "o lugar onde se bate", é possível compreender, depois de ler estas linhas, que não é o homem, nem sequer o barco que pesca, senão esta armadilha artesanal e ancestral

Versão original em espanhol por Alba García Cañadas





 

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