A Associação Paulista de Supermercados (APAS) apresentou uma pesquisa inédita sobre o setor supermercadista, apontando as tendências do consumidor brasileiro em coletiva à imprensa, marcando o início das atividades da FEIRA APAS 2015 - 31º Congresso e Feira de Negócios em Supermercados.
O levantamento, realizado em parceria com a Nielsen e Kantar Worldpanel, foi divulgado em conjunto pelo presidente da APAS, Pedro Celso; o presidente da Associação Brasileira de Supermercados (ABRAS), Fernando Yamada; o diretor de Economia e Pesquisa da APAS, Dinis Dias; o gerente de Economia e Pesquisa APAS, Rodrigo Mariano; o diretor da Nielsen, Olegário Araújo; e a diretora Comercial da Kantar Worldpanel, Christine Pereira.
Mesmo em um ano de dificuldades para a economia, a análise apontou que o setor de autosserviços faturou R$ 294,9 bilhões em 2014 em um universo de quase 84 mil lojas, o que representa um crescimento real de 1,8% em relação ao ano anterior e 5,3% do PIB brasileiro. O Estado de São Paulo teve um desempenho dentro da média nacional, o segmento faturou R$ 86,8 bilhões em 2014 com um crescimento nominal de 8,6%.
"Para 2015, esperamos um crescimento real de 2% já que a perspectiva para o segundo semestre será melhor", prevê o presidente da Abras, Fernando Yamada.
A geração de empregos também teve uma leve retração. Em 2013, o setor tinha pouco mais de 518 mil empregos diretos e, em 2014, o número caiu para 215 mil. Para 2015, a perspectiva é que o desempenho se mantenha estável. É esperado um faturamento na ordem de R$ 321 bilhões e crescimento nominal de 9%, enquanto São Paulo deverá faturar R$ 94 bilhões com crescimento nominal de 8,5%.
"O setor supermercadista foi o único que demostrou um desempenho favorável não havendo desemprego mesmo em um cenário inflacionado", analisa o gerente de Economia e Pesquisa APAS, Rodrigo Mariano. O presidente da APAS, Pedro Celso acrescenta: "Somos porta de entrada para o primeiro emprego".
Mudanças nos hábitos do consumidor
A inflação continua a pautar o comportamento do consumidor, enquanto que as altas no custo da energia, o clima de seca e o dólar impactaram diretamente no custo de alguns produtos. "Dentro dos últimos 12 meses, tivemos um aumento de 7% no Índice de Preços do Supermercado (IPS)", diz Rodrigo Mariano.
E para proteger seu poder de compra, o consumidor adota novos hábitos de consumo, tais como abrir mão de alguns gastos, como, por exemplo, comer fora de casa. Os números mostram que o custo de fazer uma refeição fora do lar subiu , neste sentido, pelo menos 13% dos consumidores afirmam diminuir gastos com isso. Mais de 1 milhão de lares deixaram de fazer refeições fora de casa. Outras atitudes também refletem o impacto da racionalização, uma vez que 64% dos brasileiros afirmam que diminuem o lazer fora de casa para economizar.
Segundo o diretor da Nielsen, Olegário Araújo, o desafio das famílias é preservar o bem-estar conquistado ao longo dos anos e, para evitar gastos, voltam a usar estratégias de períodos de preços altos, como compras do mês, quando levam mais itens, compatibilizando os gastos obrigatórios.
"As famílias estão diversificando os canais e comprando em mais locais, porém, tem diminuído suas ida ao ponto de venda (PDV). Aqueda da frequência foi de 9,5% e o reflexo direto disso é o aumento do ticket médio, que ficou 20,8% maior", diz Olegário.
Com a queda de 4,7%, os lares reduziram, em média, nove visitas ao PDV nos últimos 5 anos, contabilizando mais de 350 milhões de visitas a menos. O consumidor está buscando cada vez mais alternativas para um preço mais atraente, com destaque para o nível socioeconômico alto, ou seja, as classes A e B têm sentido mais essas mudanças.
Consumo mais consciente
Entre os anos 2009 e 2010, com o aumento da renda, ascensão das classes e acesso facilitado ao crédito, os lares tiveram forte crescimento no consumo. Todavia, esse fenômeno se estabilizou nos anos seguintes por conta da inflação e endividamento. Segundo a Pesquisa, o bolso do brasileiro está apertado, 49% das famílias têm gasto acima da renda e, entre esses lares endividados, os básicos ganham maior proporção.
Mesmo com alguns preços mais altos, o carrinho do brasileiro não diminuiu. A prioridade, principalmente entre as classes médias e baixas, ainda é a mesa farta. O dado mais significativo disso é que 70% das ocasiões de compra são de abastecimento ou reposição.
"A prioridade do brasileiro, principalmente entre as classes médias e baixas, é ainda casa e comida. Para isso, há uma racionalização cada vez maior do consumo, abrindo mão de gastos com educação, animais cerimônias e festas, alimentação fora do lar e serviços pessoais", afirma Christine Pereira, diretora Comercial da Kantar Worldpanel.
Saudáveis cada vez mais chegam à mesa
Nesse contexto, alimentos saudáveis se destacam e crescem acima da média. De acordo com os dados, 32% dos brasileiros afirmam que saúde e qualidade de vida são as maiores preocupações, com destaque para mercearia salgada, que tem um crescimento de 13% em relação ao ano anterior.
Outra constatação que a Pesquisa observou foi que alimentos perecíveis e líquidos ganham importância na cesta do brasileiro frente a outros departamentos. A análise notou ainda um crescimento de 41% da importância de produtos de açougue e hortifruti. "Por outro lado, categorias como refrigerantes e açúcar vêm perdendo espaço para produtos mais saudáveis", conta a diretora da Kantar Worldpanel.
Interior puxa o crescimento
O crescimento do setor supermercadista é puxado pelo interior. De acordo com Olegário Araújo, o horizonte de bons negócios está fora das grandes capitais, pois o segmento cresce duas vezes mais no interior do que nas grandes cidades. Para se ter uma ideia, 70% da demanda é atendida por supermercados. "O interior cresce mais porque estamos vivendo uma desconcentração da economia".